quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A TEOLOGIA DO VAU DE JABOQUE




Rio Jaboque

O Jaboque nasce ao sul da montanha de Gileade। Tri­butário oriental do Jordão, esse rio corre em três destintas direções: leste, norte e Noroeste। Antes de desembocar no Jordão, descreve, entre o mar da Galiléia e o mar Morto, uma semi-elipse। Seu curso tem aproximadamente 130 quilômetros। O rio Jaboque é perene e, no passado, servia de fron­teira entre as tribos de Rubem e Gade. Em suas imedia­ções, o patriarca Jacó lutou contra o Anjo do Senhor. Foi um combate acirrado. Mas, no final, o piedoso hebreu re­cebeu inefável bênção do Senhor. No Vale do Jaboque, portanto, a semente de Abraão recebeu sua designação na­cional: Israel.Jaboque significa o que derrama. Os árabes, entretan­to, chamam-no de Nahar ez-Zerka - rio azul.
Já não te chamarás Jacó, e, sim, Israel. Gênesis 32:27, 28.
Madrugada em Jaboque...
Duas figuras engalfinhadas numa luta estranha.
Os primeiros albores da aurora já rompem a escuridão do vale.
Os montes circundantes contemplam a cena em reverente silêncio.
Em meio a duas tremendas emoções – a fuga de Labão e o encontro com Esaú – Jacó, o usurpador, encontra-se face a face com Deus.
Ali estava ele... No vale de Jaboque... Na encruzilhada de dois terríveis caminhos.
Lutando, lutando, até o romper do dia.
Olhos desavisados e sem discernimento olhariam aquele quadro com horror.
Mas, ali se desenrolava o encontro decisivo que nortearia uma família, um povo, e a própria História.
Ali, o enganador transformava-se em príncipe.
Ali, um simples mortal lutava com Deus e prevalecia.
Ali, traçava-se a linha-mestra das grandes transformações espirituais do mundo.
Jacó, edificador de colunas, ungidor de pedras, neto de um construtor de altares.
Jacó, o sonhador.
Jacó, o homem-misterioso, o aproveitador de oportunidades, o ladrão de bênçãos.
Ladrão de bênçãos?
Sim. Para ele, a benção teria de vir, mesmo usando o engodo, a mentira e o fingimento.
Incrível, tremendo, porém glorioso paradoxo!
Para ele, a bênção teria de vir, mesmo que, para isto, tivesse de aproveitar-se de um caçador fraco, cansado e incapaz de raciocinar.
Para ele, a bênção teria de vir, mesmo que fosse necessário usar de violência. Mesmo que fosse necessário lutar.
Em plena madrugada.
No vale de Jaboque.
- Não te largarei!
- Larga-me, mortal!
- Não te largarei!
- Que queres te faça?
- Não te largarei, enquanto não me abençoares.
Onde estão as esposas, por quem trabalhara duramente durante catorze anos?
Onde estão as crianças que, com lutas, delas nasceram?
Onde estão os servos que, debaixo da proteção de Deus, foram gerados?
Nada interessa, a não ser a bênção.
-Não te largarei, enquanto não me abençoares!
-Abençoar-te-ei, Israel, príncipe do Senhor, porém não andarás mais à vontade como dantes.
E Jacó atravessou o vale manquejando de uma perna.
Aleijado para sempre!
No entanto, conquistara a bênção!
Na travessia do mar vermelho Moisés não passou só mais com ele uma grande multidão de remidos que deixava o Egito.
Na travessia do Jordão Josué não atravessou só mais, com os sacerdotes e um grande exército.
Na teologia do vau de Jaboque não podemos passar acompanhados. Não dá para levar amigos.
"Jacó porém ficou só; e lutou com ele um varão, até que a alva subia" (Gen. 32:24).
Na teologia do vau de Jaboque não se pode esconder nada, temos que ser transparentes.
É lá que confessamos tudo que somos.
É lá que nos rendemos a Deus.
É lá que nosso nome é mudado, nosso modo de andar é alterado. Chega uma hora em que precisamos "resolver as coisas com Deus". Chega a hora que temos que enfrentar a nós mesmos, nos esvaziar de toda a nossa ambição, de todo o nosso ego.
Jaboque é onde o Jacó em nós dá o último suspiro. É onde Deus trata conosco não apenas em relação ao pecado, mas em relação ao nosso próprio caráter.
O grande problema hoje é que, muitos já não estão mais preocupados com o que Deus pensa ao seu respeito e sim, com que os outros pensam. Não importa se a mensagem não vem de Deus mais sim se agradou ao público, pois é a platéia que o faz um “grande pregador, líder, pastor, superintendente, dirigente” ou qualquer outra coisa desse tipo.
Pra que descer ao vau de Jaboque, mudar pra que? Tudo esta indo muito bem!
Esquecem que se o Jacó que há em nós não for mudado para Israel, mais na frente vamos nos encontrar com Esaú e ai só Deus sabe o que vai acontecer.

Diones Alves.